ITABIRA (MG) – Na sessão ordinária de terça-feira, dia 22 de agosto de 2023, às promotoras Camila Vieira Rocha e Eva Gonzaga, subiram à Tribuna Livre a convite do vereador José Júlio Rodrigues (PP), para falar sobre o dia o Municipal do Afrodescendente, 141 anos da morte do Líder Abolicionista Luiz Gama e início da Jornada de lutas organizada pelo Movimento Negro.
No dia 31 de agosto, é comemorado o dia Municipal do Afrodescendente, essa data é uma celebração das enormes contribuições dos afrodescendentes em todos os campos da atividade humana. É um reconhecimento das profundas injustiças e discriminação sistêmica que os afrodescendentes têm sofrido por séculos e continuam a enfrentar até hoje.
Em um discurso emocionante, Eva disse: ‘’Existem momentos na vida, na nossa vida preta, vida de luta, tendo que a todo momento resistir para existir; sempre muitas vezes pensei vou ‘’chutar o balde’’ e simplesmente seguir, deixar de existir mas nesses momentos vem um canto sofrido de longe, lá da senzala me lembrando de que minha vida não me pertence, a minha essência vem de áfrica, de nossos ancestrais que com enorme dificuldade romperam laços e nunca desistiram mesmo sabendo que o final poderia ser trágico e não mágico (…) Parem com a violência, parem de nos matar, não queremos ser acolhidos exigimos respeito, acolhimento temos em casa, na nossa família, respeito é o que queremos abaixo essa agregação, a violência e o medo.’’
A coordenadora Camila Vieira, explanou que a Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate a Violência vem atuando no Brasil desde o ano de 2008, denunciando todas as formas de violência, opressões e violações de direitos sofridas pelas meninas, jovens e mulheres Negras e a população negra no geral, sendo que no Brasil, a existência do racismo estrutural e institucional são latentes, o que influencia diretamente nas vidas das jovens e mulheres brasileiras.
Ainda de acordo com a coordenadora regional, a população jovem e preta é a que mais sofre no país com a violência policial. “Só nos últimos cinco anos mais de 100 crianças e adolescentes foram baleados no país. Sendo que 30 perderam as suas vidas durante as chamadas ‘’operações policiais’’ entre 2017 e 2019”, enfatizou a ativista, acrescentando que a violência policial responde por 5% dessas mortes violentas de jovens pretos no país’’.
“Brasil e os Estados Unidos são os países cujas polícias são as que mais matam no mundo, principalmente pessoas pretas, é o que também aponta o relatório da Anistia Internacional”, acrescentou a coordenadora.
Ao final do seu discurso Camila convidou a população a participar do ato público ‘’Contra a violência policial’’ na praça Acrísio de Alvarenga no dia 23/08/2023, a partir das 18h30.
Fonte e foto: Câmara de Vereadores de Itabira