ESTADOS UNIDOS – A trágica morte de cinco pessoas a bordo de um submersível rumo ao Titanic no fundo do Atlântico Norte chamou atenção do mundo inteiro pelo risco e pela forma como aconteceu. Os eventos que levaram à implosão do submarino, confirmada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos nessa quinta-feira (22), no entanto, ainda não foram totalmente esclarecidos. A tragédia, por enquanto, tem poucas respostas para muitas perguntas – e algumas jamais serão respondidas.
E um dos principais questionamentos é: o que aconteceu com os corpos dos tripulantes? Algumas teorias podem ajudar a compreender.
Implosão – Antes de tudo, é preciso entender como a implosão ocorre para compreender o provável estado desses corpos. O professor de engenharia do Imperial College de Londres Roderick Smith afirmou à AFP que o acidente provavelmente ocorreu devido a uma “falha no casco de pressão”. Na profundidade em que estava, qualquer rachadura é passível de provocar uma implosão. O professor pondera, no entanto, que, mesmo após análise dos destroços, será muito difícil cravar como realmente aconteceu. “A violência da implosão torna muito difícil determinar a sequência dos eventos”.
A professora aposentada do departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Regina Pinto de Carvalho desenha como essa implosão ocorre. Ela explica que a pressão da água na profundidade que o submarino pretendia alcançar era suficiente para amassá-lo, por mais resistente que fosse. “Pega uma garrafa pet e coloca uma tampa, deixando-a bem tampadinha. Ela está na mesma pressão que você. Mas se você pisa com força ou joga uma pedra, você vai ter uma pressão externa maior que a interna”, compara.
“Foi isso que aconteceu. À medida que foi descendo, o peso da água fez uma pressão muito forte, só que numa situação muito mais complicada do que amassar uma garrafa, porque a pressão ali era de todos os lados. A parede do submersível não aguentou e quebrou em vários pedaços”, explica.
A especialista avalia ainda que a pressão da água aconteceu primeiro no submarino, para depois atingir os tripulantes. Mas tudo muito rapidamente. “Lá dentro, claro, era pressão atmosférica, porque havia seres humanos. É igual avião, que é pressurizado para que o ser humano consiga respirar”, diz. “O que eu acho que aconteceu com as pessoas é que a parede rompeu, entrou água e todos morreram afogados imediatamente”, sugere.
A partir do contato dos corpos, já sem vida, com a pressão da água, Regina acredita que o pulmão tenha sido um dos primeiros afetados, por conta das características da sua cavidade. “Acredito que o peito arrebentou todo, foi esmigalhado, porque ele foi espremido”, diz. “Mas quanto às outras partes do corpo não dá para saber”, diz.
Especialistas afirmam que a morte dos tripulantes foi instantânea e aconteceu antes mesmo que eles pudessem perceber que havia algo de errado, dada a violência da implosão. Em entrevista ao jornal O Globo, o oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), disse que a pressão contra o submersível foi como pisar em um ovo. “Ele se estilhaça para todos os lados”, diz.
O professor acredita que encontrar os restos mortais dos tripulantes é praticamente impossível. “Os destroços do submarino têm uma densidade maior, podem permanecer por um tempo no local, mas com a correnteza os restos humanos já devem ter sido levados para longe.”
Fonte: O Tempo