ITABIRA (MG) – Toques indevidos e comentários impróprios. Era dessa forma que o médico mastologista, denunciado por estupro e importunação sexual, supostamente agia com pacientes e colegas de trabalho. A informação foi repassada pelo delegado João Martins, responsável pelas investigações. O profissional da saúde foi denunciado por oito mulheres e está preso. Ele atuava em um hospital de Itabira, na região Central de Minas Gerais, há aproximadamente 15 anos.
“Uma das vítimas nos relatou que foi a uma consulta e acabou sendo violentada pelo médico com quem fazia acompanhamento. Durante as investigações, que começaram em 24 de janeiro deste ano, outras vítimas denunciaram violações, como toques indevidos, comentários impróprios e agressões físicas. As vítimas são pacientes e funcionárias do hospital onde ele trabalhava”, afirmou Martins.
O delegado relatou que as vítimas disseram que o mastologista fazia comentários sobre o tamanho dos seios delas, alegando que não eram, por exemplo, compatíveis com o quadril. “Comentários como esse extrapolam o aceitável em uma consulta e servem de alerta para todos. Outro sinal de comportamento inadequado são os toques excessivos. Se a paciente consulta um mastologista, a finalidade é analisar a saúde dos seios. Logo, não há motivo para o profissional tocar na região genital. Esses são indícios claros de conduta indevida”.
Os próximos passos da investigação, segundo o delegado, incluem a oitiva de testemunhas. “Vamos aguardar os laudos das perícias e, posteriormente, encaminharemos o caso ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)”. A autoridade reforçou que outras vítimas podem procurar a Polícia Civil para denunciar o crime. “O prazo prescricional varia de acordo com a conduta a ser tipificada. O estupro, por exemplo, tem um prazo mais longo para prescrição”.
Vítimas temiam não ser ouvidas – O delegado destacou que as vítimas que procuraram a delegacia demonstraram alívio ao denunciar o médico. “Percebi que elas se sentiram assim pelo fato de, após tantos anos, finalmente terem encontrado alguém que as ouvisse. Acredito que a maioria temia não ser levada a sério”.
Situação do médico no CRM ainda é regular – Até o início da tarde desta quarta-feira (5 de fevereiro), o registro do médico no site do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) continuava ativo e regular. O conselho informou que todas as denúncias recebidas, formais e de ofício, são apuradas de forma sigilosa, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Defesa do médico – O advogado de defesa do médico, Hermes Vilchez Guerrero, preferiu não comentar o caso.
Prefeitura de Itabira – O médico trabalhava em hospitais de Itabira. A prefeitura informou, por meio de nota, que ele não era contratado diretamente pelo município, mas prestava serviços de forma terceirizada. O órgão esclareceu que ele era vinculado à Irmandade Nossa Senhora das Dores, responsável pela gestão do Hospital Nossa Senhora das Dores, e ao Consórcio Intermunicipal do Centro Leste (Ciscel). A prefeitura ressaltou que, em ambas as instituições, o profissional foi afastado de suas funções assim que a denúncia foi formalizada e as investigações tiveram início.
“A Prefeitura de Itabira se solidariza com as mulheres vítimas desse tipo de crime, repudia qualquer ato de abuso sexual e outros atos de violência de gênero e incentiva que as vítimas procurem os canais oficiais de denúncia, além dos serviços de acolhimento disponíveis no município”, declarou o órgão.
Fonte: O Tempo